quarta-feira, 17 de junho de 2015

Desate os nós

Canecas, copos de suco, quadros, livros... Velhos pertences, ocupando novos lugares, preparando-se para novas histórias. Desate o nó, por favor.
O navio que por muito tempo permanece ancorado no mesmo lugar abre mão de conquistar outras terras largas. Os castelos dessa terra são belos, possuem uma estética interessante, foram realizados embasados um projeto arquitetônico inteligente, e extremamente raro.
Os turistas surgiram dos lugares mais variados e inimagináveis do mundo, e trouxeram consigo um pouco da sua cultura local, contribuindo assim para o crescimento dos castelos, que por si só, já eram fantásticos.
Se tratava de uma terra magica, onde todos que por ali passavam, mudavam de alguma forma, havia tempo para olhar o céu, admirar as estrelas, e ainda, havia quem fosse capaz de dizer que na lua dessa terra morava um coelho saltitante, em terras como essa, não é difícil entender os navios  que ancoravam.
Ficar pode ser a escolha certa, algumas pessoas ancoram pra sempre, não é? Algumas pessoas, um numero bem pequeno delas, ancoram, e permanecem, e ainda assim, sabendo que existem outras terras a serem exploradas, seguem felizes com a opção de ficar, comtemplando as mesmas paisagens sem perder o doce encanto. Outras, escolhem ficar, e enjoadas do que veem, se tornam incapazes de continuar sorrindo, fazendo com que os turistas não tenham tanto interesse de se aproximar.
E há também aqueles que alçam as velas, e vão embora. Os criadores da terra bela, sonham incessantemente em ancorar, permanecer e pertencer. Contudo, em alguns momentos se perceberam insensíveis ás estrelas, ao som, aos cheiros, e até mesmo a própria arquitetura, insensíveis e incapazes de olhar a beleza e a raridade de sua própria obra, para onde estão indo?
  O Amor liberta, o amor é o que salva aquele momento, aquele no inicio das coisas, quando todo o resto parece ser perfeito, o amor desata os nós, porque os nós sufocam.
Desate os nós, erga a ancora, alce as velas, e vá em busca dos seus sonhos, guarde seu projeto arquitetônico, leve-o há outros lugares do mundo, mostre-o, confie nele, e cresça, essa é a sem duvida, a maior prova de amor que alguém pode dar. Foi por amor, que eles deixaram aquela ilha, foi por amor que decidiram se lembrar dela, enquanto ainda era encantadora, e tudo por lá era lindo, enquanto seus olhos não eram viciados, e beleza estava em todo lugar.
A decisão de partir, certamente foi inefavelmente dolorosa, mas ideia de ficar e ser despersonalizado aos poucos era, ainda, mais aterradora. Eles certamente irão pertencer um dia, quando menos esperarem, poderão acabar ancorados, não um no outro, não na terra deles. Suas criações certamente inspiraram os visitantes, e deixaram seu legado, agora, outras terras haverão de ser conhecidas.
E disso fica uma lição, o amor é altruísta, ele te liberta para não te ver morrer aos poucos, segue em frente, como o ser faltante que sempre foi, sabendo que há o risco de que nada mais será tão bom, mas ciente, que o risco é preço mais baixo a se pagar.

Desato o nó, te coloco no barco, me despeço, e desejo que seja feliz, espero que um dia esteja pronto pra ancorar, mas não agora. As andorinhas, por mais que voem longe, sempre voltam para casa, quando avistar uma, esteja certo, que por ali há terra firme. Não se aprisione no amor, se liberte através dele.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Na hora da canção em que eles dizem baby...

             Secretamente, ou não, buscamos amor, e mais que amor, procuramos um sentido no que é compartilhado. Mas não, não diga que me ama, não me chame de amor, e não me traga flores, nos conhecemos ontem, é só e é simples.
               Nessas noites aleatórias, com sorrisos diferentes, não leve flores, não faça planos, se na hora da canção em que eles dizem baby, você não sabe o que dizer, então, não fale sobre amor, lide com a solidão, com a carência, com o enorme desejo de pertencer, lide consigo mesmo, sem incluir o outro na sua projeção de um amor intenso para essa noite, felizes para sempre até o amanhecer.
                Estar só é um ato de coragem, e opcional ou não, é dolorido ás vezes, mas reconhecer que há apenas uma paz pairando no coração e mais nada, é extremamente assustador, e se eu nunca amar novamente? E se o coração não voltar a acelerar, se a ligação especial não mais existir, se os finais de semana forem pra sempre avulsos, se em cada festa houver apenas o sorriso encantador e o cheiro diferente e nada mais? Se for apenas eu, os seriados, a pipoca e o vinho, cerveja, suco ou coca-cola, que seja? E se, eu for livre, pra sempre?
                De frente com o desamparo, o desespero, o nada, somente eu, eu e o abismos a minha frente, talvez não seja tão ruim assim, pois quando essas perguntas não forem mais assustadoras, quando não levar flores para desconhecidos mascarando o vazio e o medo da solidão, quando ser livre para sempre for uma boa ideia, talvez o amor se aconchegue.
                Quando na hora da canção em que eles dizem baby você não souber o que dizer e a canção soar como uma linda melodia e só, quando um simples alguém, não fizer planos, não te jurar amor eterno, não lhe prometer amor mais que a própria vida, quando não precisar mais de palavras, quando for verdadeiramente seu, ai então, quem sabe, alguém, sem promessas, te transborde. 

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Deixar ir.

            É estranhamente dolorida a ideia de deixar ir, a ponto de trombar com uma pessoa na rua, e soar aquele pensamento que costuma entristecer os olhos “Eu costumava conhecer aquela pessoa, sorrir com ela...”, algo se movimenta em você, então silenciamos e seguimos.
            Deixar ir, confundimos ás vezes, como nunca termos pertencido.
            Pertencemos quando nos entregamos, aos momentos, aos sorrisos, a amizade, ao carinho, as confidencias, a todas as vivencias, pertencemos as relações, e em um dado momento elas se transformam.
            Então, nos deparamos com aquela pessoa, e ficamos imaginando, “será que ela se lembra?” nos também vamos passar direto, com o ar de que nada aconteceu, assim como ela, nos vamos pensar, assim como elas, em como é dolorida essa parte da história, onde as coisas acabam.

            Vamos trabalhar na ideia de que realmente não sabemos o que significamos para o outro, e talvez, nunca vamos saber, porque partir, não significa esquecer. 

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Desenhos na Parede e a Psicologia


Chegou a hora de fazer a faxina, retirar o que já não é necessário, ou velho demais, tirar toda a sujeira, e criar um espaço agradável para o novo que for vir, seja ele qual for. 
Ao retirar os desenhos da parede, uma emoção tomou conta de mim, e por um momento, eu quis deixar todos ali, e talvez justamento por essa emoção permiti que permanecessem por tanto tempo...
Cada um deles, cada assinatura, e cada cor que ultrapassava o contorno do desenho, tem uma história, um motivo pra estar ali... A lembrança de um serzinho tão pequeno me estendendo os braços e dizendo “ tia cola pra mim...”, deixando assim uma lembrança, uma marca de tudo que me ensinou durante o tempo que permaneceu...
“Tia, fica melhor se fizer o contorno com a canetinha.”
“Se você prometer que cuida delas, eu te empresto as minhas canetinhas.”
Algumas vezes, com ar de timidez e ousadia deixamos nossos desenhos na parede, muitas vezes, não podemos fazer muito, não podemos ficar muito tempo, muitas vezes não vamos entender de onde surge tanta força pra enfrentar tantos momentos difíceis, e como esses rostos não deixam de ser sorridentes. Muitas vezes, vamos aprender mais que ensinar.

Retirar os desenhos me fez lembrar de cada rosto, de cada história, de cada momento, uma nostalgia doce e singela se presente em mim, uma saudade gratificante, por saber que mesmo tendo algo deles, eles também levaram algo de mim.
Hoje, era exatamente lá que eu queria estar, e foi para esse momento que caminhei os últimos 4 anos, sem saber como ir, ou para onde, com um medo insano e muitas vezes dominador, a parede me lembrou o que tenho feito, e pensar em para que tenho feito.
Não significa necessariamente mudar uma vida, uma história, mas sim proporcionar um momento, o mais simples, o mais singelo e talvez o mais profundo, trazer o que a pessoa precisa naquele instante, e mesmo que pareça insignificante, acredite, não é.
Às vezes precisamos fazer a limpeza, e retirar algumas coisas de vista, se desfazer de alguns objetos, para que então, possa

mos guardar novos objetos, e ter novas lembranças, abrir espaço e receber o que é novo de braços abertos. O que passou, já marcou, já está ali, já  transformou da forma que poderia transformar.
Olhando para a porta de vidro fechada... 
“Tia não lembro mais de como é lá fora, ou de como é vento.”
“Vem aqui, eu abro a porta pra você”.
São momentos, que farão sentido, e serão necessários, para uma reflexão, para um movimento do individuo, para o que ele quiser que seja. E seja como for, quando por um momento você sentir que fez a diferença, e validar a sua importância, e a importância do seu trabalho, será gratificante. 

sábado, 11 de janeiro de 2014

Amor de irmão...


Se lembra de quando nós dois éramos crianças, você passava seu tempo me provocando? Eu ia chorando pedir proteção para a mamãe, mas ela brigava comigo, porque eu era a escandalosa? Quem diria que nós dois iríamos no dar tão bem.
Das brigas e brincadeiras de infância, das noites que passávamos pedindo ao papai do céu para que tudo ficasse bem. Dos puxões de cabelos aos meus gritos extremamente irritantes, da divisão injusta dos seus carinhos, só porque eles eram seus, as peças de domino que eram usadas nas repartições das casas que criativamente construíamos, e a divisão injusta dos moveis, só porque eles eram meus.
Assim nós fomos crescendo, desde muito pequena, eu sabia que poderia contar com você, que você era o maninho que puxava os meus cabelos, mas era o mesmo que iria me proteger e cuidar de mim, sempre que preciso.
Hoje estou tão orgulhosa de você, pelo homem que você tem se tornado, pelo irmão companheiro e amigo que você é, você tem corrido atrás dos seus sonhos, e acreditado em si mesmo, tem sido uma inspiração.
Você me surpreendeu quando decidiu que iria estudar, mas o resultado da sua decisão não me surpreende, eu sempre soube, e sempre acreditei em você, na sua capacidade, confesso que se saiu muito melhor do que eu imaginava...
Estou muito feliz por você, por compartilhar esse momento, por sermos amigos além de irmãos, por sermos família...
Eu desejo que essa seja somente uma das suas muitas conquistas, quero que saiba que estou com você nos seus sonhos, quero vê-los tornando-se realidade.

Eu te amo muito, e é esse tipo de amor que nunca morre, você é um pedaço de mim, andando por ai.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

12 de Dezembro


Depois de 1 ano, todos os dias ainda são um desafio, relativamente longe de casa, sem as conversas a mesa, que perduravam desde a infância. Sem o colo da mamãe a qualquer momento, sem meu quarto que não só era extramente familiar, como era meu cantinho, desde, sempre.
Com um tom de timidez e ousadia eu fui entrando, tomando espaço, prometendo que iria embora o mais rápido possível, fiquei. O começo é enlouquecedor, há uma relação confusa relacionada ao espaço, o que é meu o que não, me senti uma intrusa, essa é a palavra. Queria minha casa, minha cama, meu espaço, mas tudo bem, eu não iria voltar.
No meu aniversario ganhei uma caneca, e foi quando comecei a sentir que fazia parte disso, eu tinha algo nessa casa, eu tinha uma caneca no armário, e era só minha.  Meu espaço foi aumentando, não tenho uma casa aqui, tenho um lar, bem diferente do que eu tinha antes, bem peculiar, um lar, com esquisitices e detalhes que as pessoas de fora estranham, eu não, é familiar.
Diante do novo nos mantemos sempre resistentes, eu queria mudar, e precisava, acredito que tive muita sorte, pois alguém que vivia em uma ótima zona de conforto, me deixou entrar, e bagunçar tudo do meu jeito, perder mil vezes o mesmo chinelo, brigar por horas por um pacote de sazon ou pela marca do suco, eu fico pensado, eu precisava disso, mas me pergunto, e você Igor? Precisava de toda essa bagunça?  Pelo sim, ou pelo não, me sinto feliz, por ter permitido que eu viesse e que eu ficasse, por ter me estendido a mão, sem me cobrar nada em troca, por ter sido meu amigo, desculpa dizer que isso não me surpreendeu, eu esperava algo assim de você, mas não de outras pessoas.
Quando as coisas ficavam difíceis na minha nova casa, eu ia pra outro lugar, onde também me sentia em casa, não era meu espaço, mas eu fui bem vinda, eu tive sorte.
Tive pessoas incríveis ao meu lado durante esse ano, pessoas que me surpreenderam, que acolheram, me ajudaram, e me mostraram formas novas e diferentes de viver as coisas, estou feliz aqui, foi um ano incrível. Eu consegui, mas não teria me saído tão bem sem vocês.

Essas pessoas são como aqueles presente que Deus nos dá, acreditando que faremos o melhor possível, dou meu melhor por vocês, e sei que é recíproco. Obrigada por abrirem as portas para alguém tão bagunçada como eu.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Nostalgia

 Tenho me lembrado dos passos que deixávamos naquelas ruas, os passos que eram tantos, e era tão repetidos, e nos levavam pra tão longe daquela dura realidade, que não era ruim, só dolorida, verdade seja dita,  isso não mudou muito.  Sinto falta das respostas que nós nunca encontramos, e do alivio que era presente em cada passo. Da segurança, em saber que eu não era única, e que iria passar. Como quando eu era criança e comecei a fazer os primeiros passeios sozinha, na cidade que era tão pequena, pensando que poderia me perder, e aquilo tudo era tão grande, eu nunca daria conta. Eu aprendi cada rua, e caminhei por todas elas sozinha.  O mundo assusta, espanta, mas não tinha problema, eu sabia que todo solução estava há algumas quadras da minha casa. Tenho me lembrado sobre como contestamos cada voz de superioridade, sem medo, e muitas vezes estávamos errados, outras certos, mas não mudamos o mundo, e hoje somo um pouco dessas vozes. Sinto falta do pouco medo que eu tinha, e da insegurança que eu não sabia o que era. Mas a caminhada é pra frente, e eu continuo com medo, e mesmo muitos anos depois de todas aquelas ruas, ainda assustador não ter vocês aqui. Não ter o olhar que sabia sem eu dizer, que acreditava em mim, e imaginar, que nunca em lugar algum, vou encontrar aquilo de novo, aquela certeza.