segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Trecho.

- Sua força, de onde vem?
- Engraçado, tenho me perguntado 10 vezes ao dia, todos os dias, se sou forte.
- As pessoas dizem que você é inatingível.
- Ah é? E o que as pessoas sabem sobre mim?
- Então você não se sente forte?
-Não sei, ultimamente venho confundindo – me com os conceitos relacionados à força. – Surge em sua face, um sorriso torto, um fio de sorriso, quase triste.
- Conceitos?
- Sim, ás vezes eu tenho conceitos.
- E toda essa raiva, o que você pretende fazer com ela?
-Transformar em amor. Eu ainda tenho esperança. E você,
Acha que eu consigo?– Seus olhos reluzem.
Não lhe respondi.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

As cores.


Durante está tarde às cores andaram meio bagunçadas. O barulho da chuva caindo, me da tanta proteção, eu quase não entendo. É bom ouvir o barulho na chuva entra as pedrinhas do quintal, procuro pelo meu olhar, que confesse estar meio perdido nestes dias. Tenho pensado muito sobre muitas coisas, deve ser por isso que não tenho dormindo como deveria. Acordo muitas vezes durante a noite, e olho pro escuro, o meu próprio escuro. Acho que tem um outro lado de mim, não o conheço ainda... Talvez nem venha a conhecer. Ficar sozinha, mesmo que por um instante, um insignificante instante, tem me amedrontado, quem é que pode me proteger de mim?

Volto-me as cores, gostaria de descrevê-las, assim poderíamos todos lembrar, sinto muito, não sei. É demais para mim.


Joyce Camapum.

domingo, 2 de agosto de 2009





"Ângela. – Um dia desses vi sobre a mesa uma talhada de melancia. E, assim sobre a mesa nua, parecia o riso de um louco. (não sei explicar melhor). Não fosse a resignação a um mundo que me obriga a ser sensata, como eu gritaria de susto às alegres monstruosidades pré-históricas da terra. Só um infante não se espanta: também ele é uma alegre monstruosidade que se repete desde o começo da historia do homem. Só depois é que vem o medo, apaziguamento do medo, a negação do medo – a civilização enfim. Enquanto isso sobre a mesa nua, a talhada gigante de melancia vermelha. Sou grata aos meus olhos que ainda se espantam tanto. Ainda verei muitas coisas. Pra fala a verdade, mesmo sem melancia, uma mesa nua também é algo pra ser visto."

Clarice Lispector