quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

12 de Dezembro


Depois de 1 ano, todos os dias ainda são um desafio, relativamente longe de casa, sem as conversas a mesa, que perduravam desde a infância. Sem o colo da mamãe a qualquer momento, sem meu quarto que não só era extramente familiar, como era meu cantinho, desde, sempre.
Com um tom de timidez e ousadia eu fui entrando, tomando espaço, prometendo que iria embora o mais rápido possível, fiquei. O começo é enlouquecedor, há uma relação confusa relacionada ao espaço, o que é meu o que não, me senti uma intrusa, essa é a palavra. Queria minha casa, minha cama, meu espaço, mas tudo bem, eu não iria voltar.
No meu aniversario ganhei uma caneca, e foi quando comecei a sentir que fazia parte disso, eu tinha algo nessa casa, eu tinha uma caneca no armário, e era só minha.  Meu espaço foi aumentando, não tenho uma casa aqui, tenho um lar, bem diferente do que eu tinha antes, bem peculiar, um lar, com esquisitices e detalhes que as pessoas de fora estranham, eu não, é familiar.
Diante do novo nos mantemos sempre resistentes, eu queria mudar, e precisava, acredito que tive muita sorte, pois alguém que vivia em uma ótima zona de conforto, me deixou entrar, e bagunçar tudo do meu jeito, perder mil vezes o mesmo chinelo, brigar por horas por um pacote de sazon ou pela marca do suco, eu fico pensado, eu precisava disso, mas me pergunto, e você Igor? Precisava de toda essa bagunça?  Pelo sim, ou pelo não, me sinto feliz, por ter permitido que eu viesse e que eu ficasse, por ter me estendido a mão, sem me cobrar nada em troca, por ter sido meu amigo, desculpa dizer que isso não me surpreendeu, eu esperava algo assim de você, mas não de outras pessoas.
Quando as coisas ficavam difíceis na minha nova casa, eu ia pra outro lugar, onde também me sentia em casa, não era meu espaço, mas eu fui bem vinda, eu tive sorte.
Tive pessoas incríveis ao meu lado durante esse ano, pessoas que me surpreenderam, que acolheram, me ajudaram, e me mostraram formas novas e diferentes de viver as coisas, estou feliz aqui, foi um ano incrível. Eu consegui, mas não teria me saído tão bem sem vocês.

Essas pessoas são como aqueles presente que Deus nos dá, acreditando que faremos o melhor possível, dou meu melhor por vocês, e sei que é recíproco. Obrigada por abrirem as portas para alguém tão bagunçada como eu.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Nostalgia

 Tenho me lembrado dos passos que deixávamos naquelas ruas, os passos que eram tantos, e era tão repetidos, e nos levavam pra tão longe daquela dura realidade, que não era ruim, só dolorida, verdade seja dita,  isso não mudou muito.  Sinto falta das respostas que nós nunca encontramos, e do alivio que era presente em cada passo. Da segurança, em saber que eu não era única, e que iria passar. Como quando eu era criança e comecei a fazer os primeiros passeios sozinha, na cidade que era tão pequena, pensando que poderia me perder, e aquilo tudo era tão grande, eu nunca daria conta. Eu aprendi cada rua, e caminhei por todas elas sozinha.  O mundo assusta, espanta, mas não tinha problema, eu sabia que todo solução estava há algumas quadras da minha casa. Tenho me lembrado sobre como contestamos cada voz de superioridade, sem medo, e muitas vezes estávamos errados, outras certos, mas não mudamos o mundo, e hoje somo um pouco dessas vozes. Sinto falta do pouco medo que eu tinha, e da insegurança que eu não sabia o que era. Mas a caminhada é pra frente, e eu continuo com medo, e mesmo muitos anos depois de todas aquelas ruas, ainda assustador não ter vocês aqui. Não ter o olhar que sabia sem eu dizer, que acreditava em mim, e imaginar, que nunca em lugar algum, vou encontrar aquilo de novo, aquela certeza.
 

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013