quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Desenhos na Parede e a Psicologia


Chegou a hora de fazer a faxina, retirar o que já não é necessário, ou velho demais, tirar toda a sujeira, e criar um espaço agradável para o novo que for vir, seja ele qual for. 
Ao retirar os desenhos da parede, uma emoção tomou conta de mim, e por um momento, eu quis deixar todos ali, e talvez justamento por essa emoção permiti que permanecessem por tanto tempo...
Cada um deles, cada assinatura, e cada cor que ultrapassava o contorno do desenho, tem uma história, um motivo pra estar ali... A lembrança de um serzinho tão pequeno me estendendo os braços e dizendo “ tia cola pra mim...”, deixando assim uma lembrança, uma marca de tudo que me ensinou durante o tempo que permaneceu...
“Tia, fica melhor se fizer o contorno com a canetinha.”
“Se você prometer que cuida delas, eu te empresto as minhas canetinhas.”
Algumas vezes, com ar de timidez e ousadia deixamos nossos desenhos na parede, muitas vezes, não podemos fazer muito, não podemos ficar muito tempo, muitas vezes não vamos entender de onde surge tanta força pra enfrentar tantos momentos difíceis, e como esses rostos não deixam de ser sorridentes. Muitas vezes, vamos aprender mais que ensinar.

Retirar os desenhos me fez lembrar de cada rosto, de cada história, de cada momento, uma nostalgia doce e singela se presente em mim, uma saudade gratificante, por saber que mesmo tendo algo deles, eles também levaram algo de mim.
Hoje, era exatamente lá que eu queria estar, e foi para esse momento que caminhei os últimos 4 anos, sem saber como ir, ou para onde, com um medo insano e muitas vezes dominador, a parede me lembrou o que tenho feito, e pensar em para que tenho feito.
Não significa necessariamente mudar uma vida, uma história, mas sim proporcionar um momento, o mais simples, o mais singelo e talvez o mais profundo, trazer o que a pessoa precisa naquele instante, e mesmo que pareça insignificante, acredite, não é.
Às vezes precisamos fazer a limpeza, e retirar algumas coisas de vista, se desfazer de alguns objetos, para que então, possa

mos guardar novos objetos, e ter novas lembranças, abrir espaço e receber o que é novo de braços abertos. O que passou, já marcou, já está ali, já  transformou da forma que poderia transformar.
Olhando para a porta de vidro fechada... 
“Tia não lembro mais de como é lá fora, ou de como é vento.”
“Vem aqui, eu abro a porta pra você”.
São momentos, que farão sentido, e serão necessários, para uma reflexão, para um movimento do individuo, para o que ele quiser que seja. E seja como for, quando por um momento você sentir que fez a diferença, e validar a sua importância, e a importância do seu trabalho, será gratificante.