terça-feira, 21 de junho de 2011

Crônica.

Tive um sonho terno e claro que me levou a ter lembranças de uma infância bem vivida.

Um velho amigo, voltará de longe a minha procura. E em um dia como tantos outros chegará à porta da minha casa, dizendo estar à procura de uma garotinha marreta, corajosa, e cheia de pose que ele conheceu na infância durante o período em que morara nesta pequena cidade, na qual, ainda, resido.

Senti-me parada no tempo, e confirmando a ele, sempre estive aqui, sorrindo disse a ele que embora sempre tenha me visto de uma linda maneira, eu nunca havia me sentido tão grande quanto ele fazia parecer, no mesmo momentos caíram lagrimas de seus olhos, perplexos. “Como é possível? Se nesse mundo nunca encontrei amizade como a que tinha com você.”

O que me remete a infância, quando convivia com ele todos os dias, o admirava mais que todas as outras garotas, era um jovenzinho, pop, lindo, e muitas garotinhas o cobiçavam, e embora eu fosse tão apaixonada por ele, quanto uma criança possa se apaixonar por alguém, ele era, antes de tudo meu amigo. Um dos poucos. Eu era entregadora de jornais, e todos os dias fazia minha rota de bicicleta, ele sempre me acompanhava, e almoçávamos pão e tubaina, na padaria frente ao colégio. Ele de fato era um trombadinha, fazia muitas artes e vivia de castigo, eu não me importava, ficava conversando com ele no portão, era o suficiente.

Nunca disse há ele que o amava, eu era apenas uma criança. Eles tiveram que se mudar, assuntos relacionados ao trabalho do pai, foi quando cruelmente arrancaram um pedaço de mim, choramos como loucos, depois de um tempo tocávamos telefonemas, e ás vezes, raramente, uma visita, e agora... Bom eu não sei onde ele mora.

Mas de alguma forma sei que ele está por ai, deve ser mais lindo que antes, e trombadinha, mas tenho certeza que se eu o vê-se novamente, encontraria, ainda, o que brilhava dentro dele, pois antes de tudo ele era meu amigo. Sempre tive a sensação de o encontraria em um dia qualquer, em um lugar qualquer, e nós conversaríamos como apenas conhecidos, ele me dirá tchau, e eu ficaria olhando, e ele olharia também, e seria só. Pois nós crescemos e não somos os mesmos, de alguma forma tudo aquilo faz sentido, e nos corações sabemos que existe um amor que não pode morrer, mas é isso, os caminhos já são diferentes, e nós somos grandes. Existe uma saudade que repousa em silencio, e ás vezes ela faz um barulho pequeno que só eu sou capaz de ouvir, ela grita, e silencia, depois... Mais nada. Matheus era o nome dele, e este é um nome que sempre me traz boas referencias, ele era meu grande amigo, e eu sabia que era uma grande amiga dele também, uma vez, em nossas ultimas conversas, ele me disse, que não teria outra amiga como eu. E foi esse o meu sonho, uma lembrança do passado materializada em uma saudade que repousa e ás vezes grita.