sábado, 29 de maio de 2010

Uma Garotinha


Quarta-feira eu vi algo que me encantou, e ao mesmo tempo fez com que eu me sentisse imensamente pobre.

Tentarei aqui contar o que eu vi com toda ternura possível. Eu estava na rodoviária de Corbelha, esperando o ônibus que iria pra cascavel. Sentei-me em uma das cadeiras onde as pessoas costumam esperar.

Havia uma garotinha andando sobre as cadeiras ao meu lado, não tenho idéia de quantos anos ela tinha ou de qual era seu nome, mas era pequena e tinha os cabelos cacheados.

-Olha mãe eu sei voar. – a pequena disse com tanta ternura, e naquele momento ganhou minha completa atenção.

Ela abriu os baços, fechou os olhos e saltou da cadeira.

-Viu mãe como é fácil... Você não sabe como é Mãe? – a mão da garotinha a olhava atentamente, mas não dizia uma só palavra – Não tem problema mãe, eu te ensino, olha é só você prestar atenção. É só subir na cadeira assim, abrir os braços e pular. – A garotinha pulou novamente – Viu mãe eu voei, é tão bom e tão fácil.

Perante o silêncio da mãe a garota insistiu.

-Mãe, acho que você ainda não entendeu, vou ensinar de novo, é simples... Olha você só precisa subir no bando abrir os braços e pular...

A mãe por sua vez continuou calada, olhando a filha, provavelmente pensando algo parecido com o que eu estava pensando.

A garota realmente sabia voar, ela acreditava nisso, e eu quero que daqui a vinte anos ou mais ela ainda saiba voar.

Ela me fez lembrar do mais puro de mim, da minha infância, e de tudo que eu guardei lá, tudo que eu vivi é tão importante pra mim, e aprender a lhe dar com aquelas coisas que você nunca terá de volta é de fato uma missão dolorosa. Inocência, é nesses momentos que eu entendo o verdadeiro significado dessa palavra. Sinto falta de ser inocente, de acreditar sem questionar.

O mundo nos deixa ta atentos e a tudo e a todas, todos temos barreiras de defesa, e na primeira palavra sempre existe duvida, que temos medo de sermos tolos em um mondo onde todos são, (julgam ser) espertos demais. Vencemos todas ás vezes em que não somos enganados, e choramos por todas ás vezes em que deixamos de acreditar, não arriscamos, nossos sonhos se vão, nesse mundo não se pode ser bobo, sempre atentos aos outros, e nos esquecemos que somos enganados e passados pra trás todos os dias, pelo único ser no qual confiamos, nós mesmos.

Vamos comemorar a vitória nossa de cada dia, a hipocrisia nossa de cada dia. Podemos todos subir em um bando fechar os olhos abrir os braços e saltar, foi o que eu senti vontade de fazer, mas infelizmente eu me obrigo a ser sensata... Ao menos não fui tola.


2 comentários:

  1. Pode não voar mais, mas ainda sabe como. Disso eu tenho certeza. Me ensina a voar de novo? ;D

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  2. Não ao certo se ainda sei voar, mas podemos tentar ...

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