Depois de 1
ano, todos os dias ainda são um desafio, relativamente longe de casa, sem as
conversas a mesa, que perduravam desde a infância. Sem o colo da mamãe a
qualquer momento, sem meu quarto que não só era extramente familiar, como era
meu cantinho, desde, sempre.
Com um tom de
timidez e ousadia eu fui entrando, tomando espaço, prometendo que iria embora o
mais rápido possível, fiquei. O começo é enlouquecedor, há uma relação confusa
relacionada ao espaço, o que é meu o que não, me senti uma intrusa, essa é a
palavra. Queria minha casa, minha cama, meu espaço, mas tudo bem, eu não iria
voltar.
No meu
aniversario ganhei uma caneca, e foi quando comecei a sentir que fazia parte
disso, eu tinha algo nessa casa, eu tinha uma caneca no armário, e era só
minha. Meu espaço foi aumentando, não
tenho uma casa aqui, tenho um lar, bem diferente do que eu tinha antes, bem
peculiar, um lar, com esquisitices e detalhes que as pessoas de fora estranham,
eu não, é familiar.
Diante do novo
nos mantemos sempre resistentes, eu queria mudar, e precisava, acredito que
tive muita sorte, pois alguém que vivia em uma ótima zona de conforto, me
deixou entrar, e bagunçar tudo do meu jeito, perder mil vezes o mesmo chinelo,
brigar por horas por um pacote de sazon ou pela marca do suco, eu fico pensado,
eu precisava disso, mas me pergunto, e você Igor? Precisava de toda essa
bagunça? Pelo sim, ou pelo não, me sinto
feliz, por ter permitido que eu viesse e que eu ficasse, por ter me estendido a
mão, sem me cobrar nada em troca, por ter sido meu amigo, desculpa dizer que
isso não me surpreendeu, eu esperava algo assim de você, mas não de outras
pessoas.
Quando as
coisas ficavam difíceis na minha nova casa, eu ia pra outro lugar, onde também
me sentia em casa, não era meu espaço, mas eu fui bem vinda, eu tive sorte.
Tive pessoas incríveis
ao meu lado durante esse ano, pessoas que me surpreenderam, que acolheram, me
ajudaram, e me mostraram formas novas e diferentes de viver as coisas, estou
feliz aqui, foi um ano incrível. Eu consegui, mas não teria me saído tão bem
sem vocês.
Essas pessoas são
como aqueles presente que Deus nos dá, acreditando que faremos o melhor possível,
dou meu melhor por vocês, e sei que é recíproco. Obrigada por abrirem as portas para alguém tão bagunçada como eu.